Quando sair na chuva... não se importe em se molhar
Porque é sempre assim... não importa o que façamos, estamos sempre sujeitos a levarmos alguns respingos. Faz parte da vida.
Não querendo se molhar, nem ouse sair de casa.
Se não quer sentir a possibilidade de derrota, nem mesmo sonhe com a vitória. Se deseja segurança, não se exponha. Ainda assim, corre riscos, inclusive o de não viver... Afinal, estar vivo é estar exposto a riscos e possibilidades.
Não há escapatória. Se você está vivo, logo interage.
A despeito de sua vontade, pessoas podem amá-lo ou odiá-lo... não importa. Importa sim, a sua reação, a capacidade de lidar com situações estressantes sem se afundar no lodo do rio ou se deixar arrastar pela correnteza. Ao contrário, é necessário flutuar por cima das ondas, em uma leve tranqüilidade, relaxando com o fluir dos ventos, a cada instante.
O trânsito sempre pode se complicar em apenas um segundo, quando tudo parecia normal e tranqüilo; a saúde, provocar sustos; as finanças, piruetas; os desafios e dificuldades, medo e impotência. No entanto, é preciso manter a calma, a tranqüilidade e a fé.
Não se pode ter medo de se molhar na chuva, de se queimar ao sol, de sofrer no amor, de chorar na tristeza, de fracassar na vida ou de não ser capaz, pois não se pode ter medo de viver...
São as surpresas e os desafios que trazem sabor à existência.
É no auge da estação da chuva que mais sentimos falta do tempo seco. Também é no auge do inverno que mais sentimos falta do verão, e no verão, quando mais ansiamos pelo clima ameno do outono...
Todo excesso nos provoca um desejo do seu oposto... que o digam os solteiros e solteiras cansados da agitação e da rotatividade de parceiras e que, no fundo, gostariam de sentir a intimidade conquistada com uma só pessoa com quem tivessem afinidade... também o seu oposto é verdade... qual pessoa casada que embora feliz no casamento não gostaria de vez ou outra, voltar a cortejar ou ser cortejado por uma estranha? Somos criaturas ambíguas: a ausência nos causa o desejo, mas na presença tendemos ao fastio... é preciso aprender a valorizar a presença e a suportar a ausência... tudo tem o seu tempo, e em cada um deles devemos colher seus frutos...
Ontem eu era uma criança, um adolescente, um jovem. Hoje sou um homem. E descobri ao caminhar pela vida um chavão que senti na pele: o de que somos todos iguais. Aprendi que apenas nos encontramos em momentos e situações diferentes, por isto nossas visões distorcidas do mundo nos provocam opiniões diferentes. Mas mostramos nossa inteligência e capacidade de interagir quando aprendemos a ouvir a opinião do outro e a enxergar a visão que a provocou. Caminhando, constatei: criança, jovem ou velho, ricos ou pobres, coloridos ou sem cor, nascidos no Leste ou Oeste, somos muito mais que qualquer rótulo: somos humanos!
Repetimos os passos já dados por nossos ancestrais, sempre querendo algo de novo, e descobrindo que este algo novo, na verdade, é bem mais velho que imaginamos.
Se me cabe partilhar um segredo, do tempo que por mim passou, aqui está ele: caminhe, e não se preocupe mais com os respingos da chuva, ou o pó da estrada. A despeito das incertezas, também há flores e cascatas pelo caminho. E se houver alguma pedra no caminho, apenas desvie. Também pode haver tesouros a serem encontrados. É preciso caminhar. É preciso viver.
Cada estação produz frutos diferentes, e cada fruto tem o seu sabor. Escolher entre eles é nossa mais simples tarefa. Mas querer viver apenas de um deles é nosso erro mais clássico, como também o é escolher sempre aqueles inalcançáveis. Simplifique. Sua satisfação agradece.