quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Visões
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Um olhar inexpressivo
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Uma Escalada Interior
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Reflexões

by Ronaldo Souza
Os primeiros raios de sol da manhã acordaram Fred. O céu estava vermelho, como todos os dias, após a escuridão da noite. Estava feliz. Poderia ir lá fora, trabalhar um pouco e admirar seu quintal. Seu trabalho era simples: empilhava por poucas horas algumas placas a um canto, e quando sentisse que suas reservas de energia estivessem baixas, tocaria na Fonte, a estátua de um ser, semelhante a si, embora mais angelical, que estava sempre de mão estendida, a lhe oferecer seu precioso alimento.
A maior parte de seu tempo ficava livre, e assim procurava gastar o mínimo de energia com perambulações por seu mundo, posto que já o conhecia plenamente: um pequeno cômodo onde dormia, um quintal onde sempre permanecia no tempo ocioso, e a área onde trabalhava carregando placas e empilhando-as a um canto, quando então desapareciam para sempre. Era feliz em seu pequeno mundo... mas alguma coisa tinha mudado nos últimos dias...
Olhava para o pedacinho de céu e procurava por algo... como se algo mais existisse. Não sabia dizer o que, mas uma inquietação o perseguia. Para onde iam as placas que empilhava todos os dias? Elas desapareciam lentamente em um buraco escuro, era verdade. E a escuridão do buraco o assustava. Se algum dia passasse por ele, pensava, talvez também deixasse de existir.
Não conseguia comportar estes pensamentos. Mas eles não se extinguiam, antes se multiplicavam:
E se existisse algo além de seu pequeno mundo, que não a escuridão? E o que era ele? Criação da Fonte, certamente, que estava sempre a alimentá-lo e lhe dar instruções. Mas se podia pensar, seu criador também poderia, e se a Fonte fosse seu criador, por que ela não lhe transmitia nada mais além de alimentação e instruções vagas, por que não interagia ou mesmo lhe fornecia respostas às suas perguntas. Talvez ela fosse apenas um instrumento, e o verdadeiro criador estivesse fora de seu mundo...
Existirá algo... além... deste... mundo? Haverá... um... criador?
Seus pensamentos iam de um ponto a outro, até que a noite chegava, ia dormir, acordava e recomeçava toda sua rotina.
O cientista observava pela câmera de vídeo, o pequeno robô Fred executar diariamente suas tarefas: empilhava as placas de material incandescente vindas da usinagem para que fossem direcionadas à esteira de transporte. Antes, entretanto, analisava, em questão de segundos, a composição e a estabilidade molecular de cada uma. Como as placas seriam usadas em espaçonaves, não havia possibilidade de erros ou microfraturas no material. Após, recarregava suas baterias na estátua humana, uma alegoria que um colega inventara e ele concordara para tornar divertido o projeto: ao tocar na mão humana, as baterias do robô se recarregavam e seu programa era atualizado. Assim, o robô passava alguns longos minutos de mãos dadas com O Criador.
O experimento dera certo. O robô desempenhava suas tarefas e era estável em sua rotina. Estava certamente pronto para sair do laboratório e ser ativado nas fábricas. E com certeza o seria dentro de poucos dias, pois o presidente do projeto assim o exigira.
Mas o cientista não estava inteiramente satisfeito com as pesquisas. Dúvidas ainda o afligiam: Por que ficava o robô todos os dias no jardim após suas tarefas diárias? Porque não se desligava completamente, após executar suas tarefas e recarregar suas baterias como programado, mas direcionava uma parte de sua energia para seus circuitos neuronais, os chips equivalentes à sua região cerebral? Estaria ele desenvolvendo algum pensamento?
Improvável, pensara. Era apenas uma máquina. Ainda que chips de computador comandassem seus sistemas motores e eletro-eletrônicos. Com certeza, era uma anomalia criada por algum erro na programação. No futuro, sua programação deveria ser reescrita. Por ora, tinha que aprová-lo, conforme ordenado.
O cientista saíra de seu laboratório, almoçara e fora sentar debaixo de uma árvore no Jardim do Campus. Ficou observando os pássaros, relaxando por alguns momentos, com o pensamento distante. Olhou para o céu azul.
Haverá alguém lá fora, nos outros planetas? – pensara. Existirá um criador?
domingo, 7 de dezembro de 2008
Quando Sair na Chuva

Quando sair na chuva... não se importe em se molhar
Porque é sempre assim... não importa o que façamos, estamos sempre sujeitos a levarmos alguns respingos. Faz parte da vida.
Não querendo se molhar, nem ouse sair de casa.
Se não quer sentir a possibilidade de derrota, nem mesmo sonhe com a vitória. Se deseja segurança, não se exponha. Ainda assim, corre riscos, inclusive o de não viver... Afinal, estar vivo é estar exposto a riscos e possibilidades.
Não há escapatória. Se você está vivo, logo interage.
A despeito de sua vontade, pessoas podem amá-lo ou odiá-lo... não importa. Importa sim, a sua reação, a capacidade de lidar com situações estressantes sem se afundar no lodo do rio ou se deixar arrastar pela correnteza. Ao contrário, é necessário flutuar por cima das ondas, em uma leve tranqüilidade, relaxando com o fluir dos ventos, a cada instante.
O trânsito sempre pode se complicar em apenas um segundo, quando tudo parecia normal e tranqüilo; a saúde, provocar sustos; as finanças, piruetas; os desafios e dificuldades, medo e impotência. No entanto, é preciso manter a calma, a tranqüilidade e a fé.
Não se pode ter medo de se molhar na chuva, de se queimar ao sol, de sofrer no amor, de chorar na tristeza, de fracassar na vida ou de não ser capaz, pois não se pode ter medo de viver...
São as surpresas e os desafios que trazem sabor à existência.
É no auge da estação da chuva que mais sentimos falta do tempo seco. Também é no auge do inverno que mais sentimos falta do verão, e no verão, quando mais ansiamos pelo clima ameno do outono...
Todo excesso nos provoca um desejo do seu oposto... que o digam os solteiros e solteiras cansados da agitação e da rotatividade de parceiras e que, no fundo, gostariam de sentir a intimidade conquistada com uma só pessoa com quem tivessem afinidade... também o seu oposto é verdade... qual pessoa casada que embora feliz no casamento não gostaria de vez ou outra, voltar a cortejar ou ser cortejado por uma estranha? Somos criaturas ambíguas: a ausência nos causa o desejo, mas na presença tendemos ao fastio... é preciso aprender a valorizar a presença e a suportar a ausência... tudo tem o seu tempo, e em cada um deles devemos colher seus frutos...
Ontem eu era uma criança, um adolescente, um jovem. Hoje sou um homem. E descobri ao caminhar pela vida um chavão que senti na pele: o de que somos todos iguais. Aprendi que apenas nos encontramos em momentos e situações diferentes, por isto nossas visões distorcidas do mundo nos provocam opiniões diferentes. Mas mostramos nossa inteligência e capacidade de interagir quando aprendemos a ouvir a opinião do outro e a enxergar a visão que a provocou. Caminhando, constatei: criança, jovem ou velho, ricos ou pobres, coloridos ou sem cor, nascidos no Leste ou Oeste, somos muito mais que qualquer rótulo: somos humanos!
Repetimos os passos já dados por nossos ancestrais, sempre querendo algo de novo, e descobrindo que este algo novo, na verdade, é bem mais velho que imaginamos.
Se me cabe partilhar um segredo, do tempo que por mim passou, aqui está ele: caminhe, e não se preocupe mais com os respingos da chuva, ou o pó da estrada. A despeito das incertezas, também há flores e cascatas pelo caminho. E se houver alguma pedra no caminho, apenas desvie. Também pode haver tesouros a serem encontrados. É preciso caminhar. É preciso viver.
Cada estação produz frutos diferentes, e cada fruto tem o seu sabor. Escolher entre eles é nossa mais simples tarefa. Mas querer viver apenas de um deles é nosso erro mais clássico, como também o é escolher sempre aqueles inalcançáveis. Simplifique. Sua satisfação agradece.
No Exílio do Amor
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Estar apartado de ti
é ter arrancado de meu ser
minha parte mais preciosa, a mais amada
Longe vivo em uma ilha onde o oceano se faz
Em pensamentos flamejantes que relembram nossas memórias,
palavras, estória, sentimentos, nossos sorrisos e nossas lágrimas.
Estar longe de ti
é olhar o horizonte e nada ver,
estar mas não permanecer,
viver e nada sentir
senão a anestesia de um mundo
onde não há cor e nem vida
em suas planícies áridas e frias
Estar distante de ti
é viver a agonia da escuridão formada
sem a luz da tua alma e o brilho de teus olhos
sem o sorriso de teus lábios e o amor de teu coração
Estar separado de ti
é viver com olhos úmidos, o coração enjaulado,
os risos e as alegrias retidas em um mundo
que já parece não mais me pertencer.
Estar fora de ti
é sempre desejar reviver
as nossas manhãs de céu azul e noites de luar,
o enlace de nossas emoções e sentimentos
Porque Longe Apartado Separado e Fora de ti
é sempre
Desejar ardentemente
Querer profundamente
Sonhar intensamente
Viver ansiosamente
Almejar novamente
Estar junto a ti.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
O Homem e o Lago
by Ronaldo Souza | ||||||||
